
b) Este Ano Jubilar lança-nos um desafio importante: tornar São Paulo hoje vivo. As leituras que iremos escutar ajudar-nos-ão a compreender como devemos aplicar a cada um de nós a memória da conversão de São Paulo.
a) A primeira leitura (Act 22,3-16) é a narração do encontro entre Saulo e Cristo Ressuscitado no caminho de Damasco. Saulo é um hebreu convicto, que persegue os cristãos, considerando-os heréticos, uma seita contrária à verdadeira fé. Depois do diálogo com Cristo Ressuscitado, nasce Paulo, um homem novo que irá dedicar o resto da sua vida a Cristo: “Para mim viver é Cristo”, numa progressiva identificação, até ao ponto de dizer: “Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim”. Como baptizados, também para todos nós, Cristo é o sentido da nossa existência; contudo, devemos, reconhecer que, talvez, não temos a total disponibilidade de Paulo.
b) Para ser São Paulo vivo hoje, todos nós, devemos colocar uma pergunta: “Quem e qual é o centro, o motor, o interesse essencial da minha vida?” Aqueles que vivem em família ou em comunidade encontram nela o ambiente e a maneira de viverem a sua fé. Não se pode viver, nem em família nem em comunidade, sem amar e sentir-se amado. Se cada um de nós se der totalmente na vida familiar ou na vida comunitária, seremos também humanamente felizes. Toda a divisão dos interesses fundamentais, leva à crise de identidade e prepara a infidelidade à palavra de compromisso que demos no matrimónio ou na profissão religiosa.
c) O Evangelho (Mc 16,15-18) recorda-nos que todo o baptizado não recebeu a fé como um dom egoísta e para si mesmo: a fe é missionária, até com o empenho quotidiano de dar bom exemplo da fidelidade aos compromissos que assumimos.
d) “O que é o homem, quão grande é a dignidade da nossa natureza e de quanta virtude é capaz a criatura humana, Paulo o mostrou mais do que qualquer outro. Cada dia subia mais alto e aparecia mais ardente, cada dia lutava com energia sempre nova contra os perigos que lhe surgiam pela frente, de acordo com o que ele próprio afirmava: Esqueço-me do que já passou e avanço para as coisas que estão à minha frente… Avançava ao encontro da humilhação e das ofensas que tinha de suportar por causa da pregação, com mais entusiasmo do que o que pomos nós em alcançar o prazer das honras; punha mais empenho na morte do que nós na vida; ansiava mais pela pobreza do que nós pelas riquezas; e desejava sempre mais o trabalho sem descanso do que nós o descanso depois do trabalho. Uma única coisa o assustava e lhe metia medo: ofender a Deus… Só se alegrava no amor de Cristo, que era para ele o maior de todos os bens; com isto considerava-se o mais feliz de todos os homens; sem isto para nada lhe servia a amizade dos senhores e dos poderosos. Preferia ser o último com este amor, isto é, ser do número dos réprobos, do que encontrar-se no meio dos homens famosos pela consideração e pela honra, mas privado do amor de Cristo”. (Homilia de S. João Crisóstomo, bispo; Hom. 2 sobre os louvores de S. Paulo; Sec. IV).
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